Cozinha étnica: uma prática de consumo urbano
DOI:
https://doi.org/10.53928/aba.v2i1.1210Palavras-chave:
Gastronomia, consumo, cozinha étnica, restaurante AltarResumo
O consumo e interesse pela gastronomia, tal como se apresenta na sociedade contemporânea, é uma prática marcadamente urbana. A diversidade na oferta gastronômica de uma cidade chega a constituir um requisito para que a cidade possa ser considerada cosmopolita (COLLAÇO, 2008). O conceito de gastronomia está ligado ao espaço urbano, industrializado e moderno, constituindo-se em uma prática carregada de reflexão e intencionalidades. Assim, a proposta deste trabalho dirige-se à reflexão acerca de uma modalidade de consumo gastronômico que se apresenta, para além de uma diferenciação no mercado de alimentos e bebidas, como um veículo de comunicação e resistência: a cozinha étnica. Ao lidar com elementos, tais como, memória, grupo étnico e valores culturais, a comida carregada de sentimentos e simbolismos se oferece como instrumento para pensar o “eu” e o “outro”, as diferentes relações que podem ser estabelecidas entre estes sujeitos, reforçando, assim, o seu vínculo com o conceito de identidade cultural. Como procedimentos metodológicos, foi empregada neste artigo a revisão da literatura referente ao conceito de cozinha étnica, a qual foi confrontada com a realidade observada no Restaurante Altar – Cozinha Ancestral, localizado no centro da cidade do Recife (PE). Foi possível observar, no restaurante em questão, a presença de elementos tais como etnicidade, identidade, reconhecimento, autoafirmação e cultura numa experiência de consumo, marcada pelo contato interétnico viabilizado, por sua vez, pela proposta e efetivo preparo de uma cozinha que, comprometida com a sua ancestralidade, mostra-se uma prática fortemente contemporânea.
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