“A cozinha é a base da religião”: a culinária ritual no batuque do Rio Grande do Sul
DOI:
https://doi.org/10.53928/aba.v2i1.1212Palavras-chave:
Comida ritual, religião, batuqueResumo
O artigo aborda a comida ritual do batuque, uma religião afro-brasileira característica do Rio Grande do Sul, no extremo-sul brasileiro cuja maioria de adeptos são afrodescendentes. O modelo religioso segue o do chamado jêje-nagô, que cultua orixás originários da África Ocidental, invocados através de cânticos em línguas originárias dessa região, toques de tambores e alimentos que lhes são oferecidos. Existente a mais de um século e meio, no local, e contando com cerca de 40 mil templos, conserva com surpreendente fidelidade suas raízes originais. Entretanto, ao longo deste tempo, a culinária ritual, principalmente, assimilou elementos de outras etnias povoadoras do Estado. Dos indígenas, adotou o churrasco, alimento do orixá Ogum, a farinha de mandioca, oferecida a algumas divindades e a erva-mate, de que é feito uma bebida, o chimarrão, também oferecida aos espíritos dos mortos. A polenta, de origem italiana, é alimento da deusa Oxum, enquanto que a batata, divulgada pela colônia alemã, é oferecida ao orixá Bará. O título do trabalho, que ouvi de uma sacerdotisa do batuque, traduz e ressalta a importância do alimento ritual como a principal moeda de troca entre os orixás e os humanos no pacto que estes últimos firmam com os primeiros. Mas não apenas isto: também se faz presente nas relações entre os vivos, entre estes e os mortos, na doença, na morte, em caracteres identitários do grupo. A abordagem é antropológica, privilegiando os princípios da “escola” da Antropologia Simbólica.
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Referências
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