O cardápio de Dom Quixote
DOI:
https://doi.org/10.53928/aba.v1i1.420Palavras-chave:
Literatura e culinária, Cultura e culinária, Dom QuixoteResumo
Neste artigo serão abordadas algumas observações a propósito da culinária em Dom Quixote, obra que dá início ao romance moderno na literatura universal. O contexto histórico e social da Espanha imperial no qual se insere, e que contrapõe o mundo oficial triunfante à miséria e à pobreza reais que padece a maioria da população – quadro que já começou a ser desenhado no Lazarilho, onde o que prevalece, antes do que a comida, é sua falta, a fome –, encontra a culminação no contraponto de duas personagens que dialogam desde perspectivas opostas: dom Quixote – idealista, herdeiro da velha tradição espanhola, representante de uma nobreza em franca decadência – e Sancho Pança – pragmático, que representa a tradição popular de um rústico ‘homem de bem’ –, tudo às portas do que apenas um século depois representarão na Europa as ideias do Iluminismo e ainda da Revolução Francesa. Nesse contexto, as atitudes dos protagonistas com relação à comida irão desenhando a personalidade de cada um, mas, sobretudo, o que é mais importante, do que eles vêm simbolizar. Por fim, a multiplicidade de gêneros literários que Cervantes conjuga ao longo do romance permitirá ricas contribuições do ponto de vista cultural, pois denotarão os hábitos culinários da Espanha e não necessariamente circunscritos apenas à época do relato.
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